terça-feira, 26 de dezembro de 2017



NATAL DE 1971

No dia seguinte ao dia de NATAL, escrevi a um familiar contando-lhe como passei essa quadra festiva e passo a seguir essa carta: 


Carlos Amaral
"Do meu Baú de Memórias"



quarta-feira, 13 de dezembro de 2017



MENSAGEM DE NATAL


Mais um ano, praticamente, está a chegar ao fim, no qual muitas coisas nos aconteceu, umas melhores outras nem tanto, mas o facto de podermos passar, mais uma vez esta quadra é motivo de satisfação. Para todos UM BOM NATAL e que o NOVO ANO nos traga tudo aquilo que mais desejamos, sãos o votos sinceros do nosso BLOG.



domingo, 10 de dezembro de 2017


EMISSOR REGIONAL DE SAURIMO – ENCERROU

Estávamos nos primeiros dias de Dezembro de 1971 e a cidade foi surpreendida com o encerramento do seu Emissor de Rádio. Numa localidade em que a cultura tinha pouca representatividade, pois poucas eram as manifestação dessa ordem, a rádio tinha um papel preponderante para os cidadãos comuns. Através das suas emissões ia-se tendo conhecimento das principais notícias do País, sobre desporto, atualidades musicais e tinha uma rubrica de “Discos Pedidos” que tinha muita audiência.

A nossa Companhia chegou a fazer parte da sua programação. Os alferes Pimentel e Amaral em conjunto com o Furriel Valente, realizavam e davam voz, duas vezes por semana, a um programa que se chamava “Mosaico”, e que deixou de ser apresentado, em determinada altura, por considerarem que tentavam interferir, pessoas exteriores à Rádio, na sua linha de orientação.

O motivo do encerramento, que deixou a cidade mais pobre, não foi explicado aos seus fiéis ouvintes. Constou-se que o projeto tinha falido por falta de verbas, mas também se dizia que as pessoas que lhe davam vida entraram em desacordo, provocando zangas entre os mesmos e que por serem totalmente amadores resolveram sair, não havendo a seguir quem assumisse o trabalho que até aí vinham a desenvolver.

sábado, 18 de novembro de 2017



FALECEU O LATA

É com profundo pesar que comunicamos o falecimento de mais um camarada nosso, que ocorreu no passado dia 13 de Setembro. De seu nome completo MANUEL DOS SANTOS LATA, número mecanográfico 10600269, tinha a especialidade de Condutor Auto Rodas, mas que não a desempenhava. Prestava, sim, serviço no bar dos praças. Pessoa bastante conhecida pela sua forma de estar, não deixava de ser um amigo. Esteve presente na maior parte dos nossos convívios anuais. No ano de 2014, na Mealhada, foi o último em que compareceu, não mais o fazendo por motivos de saúde.

Era natural da Póvoa de Varzim.

Lamentamos só nesta data podermos dar esta triste notícia, mas só agora tivemos conhecimento do acontecimento.

A toda a sua família, bem como aos seus amigos, apresentamos os nossos pêsames, e a ele prestamos-lhe, aqui, a nossa homenagem.

sábado, 11 de novembro de 2017

CABELO, BARBA E BIGODE


Todos nós, militares do nosso Batalhão, passamos pelos chamados anos Sessenta do Sec XX. Esses anos fizeram parte do que muitos consideram ser uma das principais décadas desse período. Em todo o mundo ocorreram factos relevantes para a Humanidade.

Foram muitos, com destaque para alguns: a chegada do Homem à Lua; o assassinato do Presidente Kenneddy: a guerra do Vietname; foi morto Luther King Jnr.; Mao Tse-Tung, na China, lançou a Revolução Cultural; ocorreu na Africa do Sul o primeiro transplante de coração; a IBM lançou o seu primeiro computador; foi construido o Muro de Berlim, etc, etc
Chegada do Homem à Lua

Em Portugal vivia-se num clima nada favorável para a sua população. O regime político da época assim o proporcionava. O abismo social era grande e mais se começou a notar nesta década. Uma solução passava pela emigração. Estima-se que Um Milhão e Trezentos Mil pessoas o fizeram. A este fenómeno juntou-se a deslocalização de muita gente do interior para junto das cidades, mais industrializadas, à procura de trabalho, o que ocasionou a desertificação de grande parte do nosso território. Hoje, ainda, é notório o resultado dessas iniciativas. Os estudantes começaram a organizar manifestações contra poder político, etc, etc.

Além do atrás mencionado começou a Guerra do Ultramar, e aqui começou outro problema para os nossos jovens: o serviço militar era obrigatório e poucos escapavam à mesma, só mesmo aqueles que desertavam ou não se apresentavam, conforme lhes era exigido.

Vivíamos num País sem liberdade, mas mesmo assim haviam certas modas que eram toleradas. Estávamos no período áureo do Beatles e dos Hippies e daí resultava uma tendência, generalizada, nos jovens para usarem o cabelo comprido. Mas no serviço militar isso não era permitido, mas sim o contrário: cabelo curto e cara limpa. Esta regra foi-nos imposta e quem não a cumprisse, minimamente, podia ter dissabores. Acontecia muitas vezes as dispensas de saída serem cortadas a quem não estivesse em tal situação. Como castigo, em muitos casos sem grandes motivos, eram os militares obrigados a cortar o cabelo à “escovinha”. Tal atitude, pouco abonatória e até vexante, motivava que quem a sofria, evitar de ir passar o fim se semana a casa, pois ao apresentar-se assim demonstrava ter sofrido um castigo. Isto passava-se em relação ao cabelo, quanto às barbas e bigodes nada acontecia, pois ninguém arriscava deixar crescer tais decorações faciais.

Exemplo de um corte militar
Os Beatles



Exemplo de Hippies

No Ultramar tais castigos não aconteciam, pois aí o pessoal rapava o cabelo, voluntariamente, com a ideia que tal procedimento era saudável. Havia sempre quem exagerasse no tamanho do mesmo, mas nada de mais, e lá se ia andando. Mas barba e bigode continuava a não ser permitido. Para o caso do bigode, recordo-me, que em certa ocasião ter havido uma viabilidade para se usar, mas sujeita a regras: bigode militar como as normas e para tal teria de se apresentar um desenho ou um croqui do que se pretendia. Claro ninguém se mostrou interessado.

Com o passar do tempo, e o fim da comissão à vista, usar bigode foi permitido sem grandes regras, mas dentro do razoável. Aqui deu-se uma explosão de “bigodistas”, pois talvez metade ou mais da Companhia deixou de rapar o lábio superior. Eu, como na vida civil já usava tal enfeite, aproveitei, a facilidade, e no dia 5 de Março de 1972 mudei o meu visual. Poderei aqui deixar uma confidência: a partir dessa data nunca mais o meu lábio teve a sensação de sentir uma lamina. Coisas da vida!!!!

Mas como sempre o fruto proibido é o mais apetecido, e com o aproximar da viagem de regresso os ditos bigodes foram desaparecendo, pois todos queriam chegar junto dos seus com as caras lavadas. Os cabelos, esses todos deixaram crescer um pouco mais do que as normas exigiam.


Texto: Carlos Amaral

sábado, 4 de novembro de 2017


TRAJAR À CIVIL

Estávamos em Novembro de 1971 e já nos considerávamos uns "velhinhos" nas andanças em que nos tinham metido. As nossa roupas militares pelo uso, excessivo, já tinham um aspecto bastante degradado, mas a elas não podíamos fugir. Mesmo aos Domingos, nas saídas do quartel, tínhamos, claro os praças e cabos, de sair fardados. Havia, no entanto, uma excepção: estavam autorizados seis desses postos a puderem sair trajados com a sua roupa civil. Metia-se uma licença para o efeito, mas dado o grande número de pretendentes, era feito um rateio, e lá havia uns felizardos ou "amigos" a quem a sorte batia à porta. Um pequeno nada mas que tinha um valor muito grande para quem o conseguia.

Claro que quem estivesse atento, facilmente se apercebia, que pelas ruas da cidade, em tais dias, havia muitos mais dos que os autorizados, em tais condições. Ninguém via mal nisso, até pelo contrário: os infringidores sentiam a sua moral elevada e a cidade deixava de ter um ambiente tão esverdeado. Não podemos esquecer que a maioria da sua população era militar.

Os que tinham estabelecido tais regras assim não pensavam, como é óbvio, dessa forma, e num dos giros que o nosso 2º Comandante fez pela cidade constatou o que se estava a passar. E, logo no dia seguinte, ordenou que as "rondas" estivessem atentas, interpelando todos os que assim não pudessem andar, e verificar da sua legalidade quanto à forma de se vestir.

Não ponho em causa o cumprimento dessas regras, mas faço-o quanto aos seus objectivos, perguntando: o que ganhou, com tais incongruências,  a causa que nos levaram a servir ? 


Amaral e Vieira (Ambas as versões)

Texto - Carlos Amaral
             "Meu Baú de Memórias"



segunda-feira, 30 de outubro de 2017


MENSAGENS DO SOLDADO / NATAL

Faz hoje, precisamente, 30 de Outubro, 47 anos que no nosso aquartelamento se apresentou uma equipa de repórteres de uma rádio, que não consegui identificar, mas, com certeza ligada ao Exército Português, para efetuar gravações de mensagens de Natal para quem o pretendesse.

Afastados da suas famílias, e cheios de saudades, os militares, muitas vezes, serviam-se deste meio para felicitarem os seus através da sua própria voz, e assim desejar-lhes que as Festas que se aproximavam corressem o melhor possível. Nem sempre, pelo comoção ocasionada pelo momento, as palavras eram proferidas da melhor forma, sendo necessárias várias tentativas para se conseguir ultrapassar o estado emocional de quem as dizia. Por esses motivos nem todos se sentiam capazes de se inscreverem para o efeito.

Como tais reportagens eram transmitidas, na Metrópole  em horas pouco convenientes, de madrugada e em dia que não era comunicado, a adesão, pelo que tenho em ideia, na nossa Companhia foi muito baixa. Mesmo assim, houve quem tivesse aproveitado a oportunidade.




Fonte - Do meu baú de memórias




sábado, 28 de outubro de 2017

AS MINHAS FÉRIAS MILITARES

Estávamos praticamente nos finais de 1970, e eu já cansado e saturado da situação em que me encontrava, resolvi gozar férias, ao abrigo do Regulamento Militar. Foram-me concedidos trinta dias, mas com a condição de as mesmas serem passadas fora de Henrique de Carvalho. Não podia haver truques, pois tal teria de ter a confirmação de uma unidade militar do local onde eu passasse o tempo. Teria de o fazer à chegada e à partida.

O meu pedido foi deferido e local escolhido foi Luanda. Quem tinha feito igual pedido foi o Luciano, radio telegrafista, e combinamos fazer companhia um ao outro. Começamos a planear a viagem de ida. Ele tinha familiares naquela cidade onde se iria instalar. Fizemos a viagem separados com a promessa de por lá nos encontrarmos. Eu tentei junto da Força Aérea uma boleia no Nord Atlas, o que não consegui. Fiz contactos junto dos comerciantes da cidade e arranjei boleia num camião. Parti no dia 14 de Novembro. O Luciano, entretanto, já tinha partido em igual meio de transporte.

A viagem foi um pouco complicada, para mim uma autentica aventura. O motorista, pessoa bastante
simpática, que eu desconhecia, por coincidência era meu conterrâneo, de Vila Nova de Gaia (Avintes). A primeira paragem foi no Cacolo, 142 kms percorridos, ainda não havia estrada alcatroada, havia sim: muitos buracos e lama, onde almoçamos e descansamos um pouco.

Continuamos a viagem e quando começou a escurecer, ainda cedo, parámos, numa localidade, de nome Capenda-Camulemba, junto à estrada, para passarmos a noite. Tínhamos percorrido 295 Kms. Fomos a um estabelecimento comercial onde comemos qualquer coisa, pois a oferta era reduzida. Depois da refeição falámos com o seu proprietário para ver a possibilidade de eu dormir dentro do mesmo. O motorista iria dormir na cabine do camião. Tal pedido foi recusado, sendo-me sugerido passar a noite numa viatura que estava abandonada na estrada. Sem qualquer outra hipótese tive de aceitar o conselho. Fazia frio e chovia. O meu comparsa de viagem emprestou-me um cobertor, a noite ia ser longa.

Desolado, entrei na viatura, deitei o corpo no banco traseiro e as pernas no da frente, que já não tinha costas. Fiquei em espécie de ângulo reto. A chuva não parava, e era muita, mas com o tempo lá adormeci. Entretanto, acordei sobressaltado por um ruído de muitas vozes. Alguém andava por ali muito perto. Temi o pior: será que iria ser assaltado? Enchi-me de coragem e, lentamente, levantei a cabeça para ver o que se passava. Fiquei mais calmo, pois verifiquei que se tratava de um grupo de nativos que andava a apanhar mangas que tinham caído das árvores com o temporal e presumi que ainda não me tinham visto. Com a ponta dos dedos bati no vidros, eles ao verem-me, talvez pensando tratar-se de um espírito mau, desataram a fugir. Eu, eu senti-me um herói, e não era para menos.

Chegou a manhã e continuamos a viagem. Passamos por Malanje e à noite pernoitamos numa localidade, cujo nome não tenho em memória. Mas aqui foi numa pensão. Chegamos no dia seguinte, segunda-feira, dia 14, ao nosso destino. Despedi-me do motorista, que ia com o camião carregado de bidons vazios com a missão de os encher de combustível e regressar a Henrique de Carvalho, suponho para a Base Aérea.

Encontrava-me numa cidade praticamente desconhecida, só lá tinha estado aquando do nosso desembarque, e tinha de arranjar um local para me instalar durante o tempo que por lá ia estar. Fiquei duas noites numa pensão, que disso só tinha o nome, as suas instalações eram bem piores do que as que tinha no quartel. Entretanto, passei para a Pensão Miramar, esta já com algumas condições. Os proprietários eram simpáticos e o dono chamava-se Ernesto. Não deixo de registar que alguém, entrou no meu quarto e me surripiou uma máquina fotográfica, que lamentei.
Luanda - Parque Miramar


O Luciano lá apareceu, encontrei-o na baixa, junto à Cervejaria Portugália, local previamente combinado. Fomos passando tempo com idas à praia e vagueando pela cidade. Encontrei amigos e um deles levou-me a fazer um treino de Andebol, modalidade desportiva minha preferida, ao ASA, um clube da cidade. No dia 29 de Novembro, domingo, fui passar o dia à Ilha de Mussulo, etc, etc.

Ilha do Mussulo
O dinheiro que tinha não era muito, bem pelo contrário, logo os gastos eram os mínimos. Tinha deixado instruções para que o meu pré fosse levantado por um camarada ficando este do mo enviar. Não cumpriu o combinado, e eu, naturalmente, comecei a contar as moedas.

Aproximava-se o fim das férias e há que tratar da viagem de regresso. Mas como? O dinheiro que restava não chegava para fazer face ao custo da mesma, se utilizasse um transporte público. O Luciano estava nas mesmas condições. Portanto, só nos restava arranjar um boleia. Resolvemos, por indicação de alguém, ir para a saída da cidade, já depois do Grafanil, estrada de Catete, para um local que suponho que funcionava como posto de controlo, pois os camiões paravam todos lá. Era madrugada do dia 11 de Dezembro. Fomos falando com os motoristas, mas para Henrique de Carvalho ninguém ia. Foi-nos sugerido arranjar até Malanje e aí para o nosso destino. Assim fizemos, conseguimos e a viagem começou. No decorrer da mesma, com o calor, o barulho do motor e o sono a apertar, por vezes adormecíamos. Numa paragem que fizemos o motorista advertiu-nos: “se continuarem a dormir ponho-os fora do camião”. Nada aconteceu e lá chegamos a Malanje.

Agora, nesta cidade, tínhamos que arranjar outra boleia. Contactamos vários comerciantes mas nenhum tinha qualquer transporte para a nossa zona. Outra hipótese era utilizarmos uma empresa de transporte de passageiros que fazia viagens para Henrique de Carvalho. Era de facto uma hipótese, só que o dinheiro que tínhamos não chegava para o bilhete. Seria que eles confiariam em nós, deixando-nos pagar no destino?. Não chegamos a saber, pois encontramos um Furriel do nosso Batalhão, chamado Laginha, de uma companhia operacional. Falando com ele, ficamos a saber que também vinha de férias, e que viajava juntamente com uma delegação da Junta Autónoma das Estradas de Angola, que utilizava vários Jeeps no seu transporte e dirigia-se para a nossa cidade. Sem indicarmos a fonte da informação, fomos ao hotel onde estavam hospedados, falámos com o responsável, Engº. Espinha, contamos-lhe a nossa situação e pedimos-lhe compreensão. Nada nos prometeu, mas foi dizendo para aparecermos por lá, no dia seguinte pelas seis horas da manhã.

Viagem mais ao menos assegurada, lá fomos arranjar local para pernoitar. Encontramos-nos, novamente, com o Laginha e com a sua ajuda dormimos na Messe dos Sargentos de um dos quartéis da cidade.

No dia seguinte, conforme o combinado aparecemos, fomos bem recebidos e sem quaisquer problemas iniciámos a viagem. A meio da mesma parámos num estaleiro da firma Lourenços, construtora de estradas, onde foi servido um almoço-volante a toda a comitiva, sendo nós por inerência sido convidados. Nada mau, nada lá faltava.

Depois dos estômagos devidamente aconchegados, continuamos a viagem, chegando ao fim da tarde do dia 12 a Henrique de Carvalho. Agradecemos as atenções que tiveram connosco e recebemos um elogio pela boa companhia que lhes tínhamos feito. Jamais esquecerei as suas atitudes.


Assim, Fim de Viagem e Fim de Férias, que também, pelas peripécias, foi uma aventura. Não poderei esquecer que éramos um jovens, com vinte e dois anos, que com poucos recursos se propuseram a dar um “chuto” no marasmo em que nos encontrávamos.


Memórias de : Carlos Amaral
                        1º. Cabo Op. Mensagens

terça-feira, 29 de agosto de 2017


PROPAGANDA

Panfletos usadas pelo nosso Exército, em Angola, na propaganda anti-guerrilha


















 Fonte: UAC - União dos Antigos Combatentes do Ultramar e Índia Associação
             Postado por MANUEL PEREIRA      




 

sexta-feira, 25 de agosto de 2017


OS ANOS VÃO PASSANDO MAS NÃO SE NOTA MUITO. COMPAREM  ( I )

Amaral - Zé Henriques

Barata - Santos

Antunes (Trm) - Lopes

Bessa - Barradas (Alf)

Adrião - Raul

Pinto - Catalino

Arez - Batista

Cunha - Francisco Pinto

Gomes (Mec) - Domingues

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

OS INIMIGOS DA PÁTRIA RENUNCIARÃO


A partir de 1962, em Angola, começaram a ser distribuídas pelas Estações dos Correios de toda a Província Ultramarina carimbos, não obliteradores; para serem colocados em toda a correspondência expedida nas mesmas.

Todos os dizeres nas flâmulas tinham a finalidade de fazer vincar nas consciências de que Angola era portuguesa. Foi a guerra psicológica de propaganda do regime. Consideramos tais marcas postais muito importantes, pois constituem contributos necessários para se poder fazer a História da Guerra Colonial de Angola, designadamente da década de 60, através da filatelia.

Tal se poderá ver no subscrito a seguir apresentado, remetido de Henrique de Carvalho para Luanda em 10 de Fevereiro de 1965




 Fonte: Filatelia Portuguesa - Revista Filatélica



UM POUCO DA NOSSA HISTÓRIA



Memórias de um passado saudoso

HENRIQUE AUGUSTO DIAS DE CARVALHO  – Major do Estado Maior de   Infantaria – Explorador (1843 – 1909)
EXPEDIÇÃO À REGIÃO DA LUNDAno Leste de Angola, entre 1884 e 1888 


Introdução:
No longínquo ano de 1972, aquando da minha estadia em Henrique de Carvalho, a par da nossa tropa, estudava nas horas vagas no Liceu da cidade. A reitora,  recebeu nesse ano, o neto ou, bisneto do famoso explorador Henrique de Carvalho e, eu, muito atento, anotei o seu discurso direccionado ao seu ascendente e aos seus feitos...
Sempre fui  fervoroso por conhecer os grandes sertanejos africanos, tanto portugueses como estrangeiros, e entre muitos destacaram-se: Livingstone, Stanley, Braza, Cameron, Silva Porto, Serpa Pinto, Hermenegildo Capelo, Roberto Ivens e, por fim, Henrique de Carvalho – o homem que deu nome à cidade.
Este explorador, sertanejo, Governador da Lunda, merece ser lembrado por nós, mesmo quarenta anos após termos pisado aquele chão Africano. Eis alguns apontamentos:
  
                                                           Henrique de Carvalho
Contexto histórico:
Em finais de Oitocentos, face à investida das restantes potências Europeias, Portugal vê ameaçados os seus territórios Africanos, cuja ocupação se limitava à costa e que assentava tradicionalmente na invocação dos “direitos históricos”.
Sem meios militares ou económicos que lhe permitiam ombrear com os restantes competidores, desperta o Estado português a consciência do “apertado cerco que nos estão pondo as principais nações da Europa”.
Neste apertado cerco conjugam-se as expedições Alemãs e Belgas que se dirigiram para a Lunda na segunda metade do séc. XIX.
Alarmado pelo curso dos acontecimentos, o governo Português empenha-se a partir de 1884 na construção de um caminho-de-ferro que ligasse Luanda – Ambaca, um conhecido entreposto comercial entre o interior de Angola e a costa. Procurava-se sobretudo estabelecer laços comerciais directos com o Império Lunda, fonte tradicional de matérias-primas (cera, marfim, borracha), e que até então se encontrava isolado, alvo de um bloqueio exercido por parte dos Mbangalas. Estabelecidos na região de Cassanje, estes impediam um contacto directo com os Europeus, ao assumirem-se como intermediários comerciais entre os sertanejos e o território de MUATIÂNVUA.
A Expedição:
É precisamente neste contexto que surge, em 1884, a viagem do militar Henrique de Carvalho à Lunda.
Relativamente ao Muatiânvua, pedia-se que este fosse persuadido a celebrar um tratado de amizade e comércio com Portugal.
A expedição partiu do entreposto comercial angolano de Malanje em Julho de 1884. Era chefiada por Henrique de Carvalho, militar com vasta experiência colonial, e tinha como subchefe o Major Agostinho Sisnando Marques, farmacêutico e ex-director do Observatório Metereológico de S. Tomé. Seguia também como ajudante o Tenente Manuel Sertório de Almeida Aguiar, bem como os indispensáveis carregadores recrutados localmente e alguns ambaquistas, que operavam sobretudo como guias e intérpretes.
O itinerário foi delineado em Malanje pelos irmãos Custódio e Saturnino de Sousa Machado, comerciantes sertanejos de longa data e por isso conhecedores dos caminhos interiores.

                  
           Subchefe Agostinho S. Marques                           Ajudante Manuel S. A. Aguiar

Foi sugerido um “caminho novo pelo Nordeste que, partindo de Malanje, ia atingir o rio Cuango na zona de confluência com o rio Lui, seguindo daí para o Cassai”. Depois, seguiria para Sul, em direcção à Mussumba.
A expedição avançou dividida em duas secções, dirigidas respectivamente pelo chefe e pelo subchefe. Uma das secções seguia à frente, fundava uma “estação civilizadora”, e aí permanecia algum tempo, estabelecendo relações de confiança com os locais. Estações essas em que Henrique de Carvalho terá realizado parte das suas observações e recolhas etnográficas.
Quando a primeira secção partia, chegava a segunda para dar continuidade ao trabalho.
À medida que avança em direcção à Mussumba, Henrique de Carvalho apercebe-se de   que o Império Lunda atravessa uma fase conturbada. Os entraves postos a partir de 1850 pelo Estado português ao tráfico de escravos em Angola foram um rude golpe para a economia Lunda, que dependia grandemente dessa actividade. Dividido por lutas de poder internas, o Estado Lunda via o seu território consideravelmente reduzido pela expansão para Norte dos povos Chokwe.
Passados cerca de dois anos, em Janeiro de 1887, a expedição encontra-se finalmente em Mussumba. No dia 18 desse mês “celebra-se um tratado pelo qual o Muatiânvua e a sua corte reconheciam a soberania de Portugal e se comprometiam a não aceitar nas suas terras outra bandeira”.
Este sucesso não foi contudo, duradouro. Cinco dias após a assinatura do tratado, um grande fogo destruiu grande parte da Mussumba, levando à debandada de milhares de pessoas, incluindo a Corte Lunda.
Henrique de Carvalho apercebe-se de que só lhe resta partir. Esperava-o uma longa viagem de regresso, em que a expedição tem de contornar diplomaticamente a agressividade dos Chokwe, e a cíclica falta de provisões e medicamentos. No decurso da viagem, iam chegando notícias inquietantes de Malanje: no contexto da Conferência de Berlim, fora criado o Estado Independente do Congo (1884), o que significa a perda da região Angolana do Lubuco para a BélgicaH. 
                                                          Carvalho e o Muatiânvula                                                                                                      
Se os objectivos políticos e comerciais da expedição não tinham sido alcançados, ficara assegurada uma recolha de carácter etnográfico que testemunha ainda hoje uma visão muito particular sobre a Lunda dos finais do séc. XIX.

Visita da princesa Mutumbo a H. Carvalho
Dispersos Históricos: 
- Carvalho na sua primeira estada em Angola (1878/1882) foi responsável pelas obras públicas em Luanda
Caravana mercantil no Dondo
- Em 1884 e, em Malanje, Henrique Dias de Carvalho preparava a sua expedição.
- Carvalho contratou doze carregadores em 9 de Junho de 1884 em Luanda, para a sua grande expedição à Lunda, dez dos quais o acompanharam até ao Calanhi e regressaram com ele.
- Henrique de Carvalho encontrou algumas caravanas Mbangalas nos domínios do Caungula Muteba, junto ao Lóvua, em cujas proximidades permaneceu três meses com a sua expedição, em finais do ano de 1885.

  Grupo diplomático enviado pelo Muatiânvua ao Gov. da Lunda
        
- Numa dessas caravanas participava também o chefe (Ambaza) QUINGURI, da margem direita do Cuango, aí chegado em meados de Dezembro de 1885, cuja residência se situava a um dia de viagem da estação comercial de Cassanje, junto ao Quinguixi, um afluente do Cuango. Quinguri, permaneceu com Carvalho durante vários meses. Alegava ser um descendente do primeiro Jaga (título dos governantes Mbangalas) e, portanto, de Lueji, a mãe do primeiro Mwant Yav do Estado Lunda e era um pretendente à sucessão dos Jagas no Cassanje.
- Em Outubro de 1887, Manuel Correia da Rocha, conhecido por Calucâno, chegou a Malanje com Carvalho, tendo-se instalado com a sua gente algures nas imediações.
- Henrique de Carvalho, explorador português, foi contemporâneo de outros exploradores alemães – Paul Pogge (1875/1876) e Max Buchner (1879/1880).
- António Bezerra acompanhou a grande expedição de Henrique de Carvalho à Lunda como “primeiro intérprete” nos anos de 1884/1888.
- Como António Bezerra conhecia como ninguém as regiões situadas a Leste do Cuango, pôde prestar a Carvalho informações preciosas sobre as rotas a seguir ou a evitar, as diversas populações, suas opiniões, sua história, suas relações comerciais e seus costumes.  Agostinho Alexandre Bezerra, participou na expedição de quatro anos de Henrique de Carvalho à Lunda (1884/1888) como segundo intérprete.
- Em 1896, quando Carvalho voltou à região dos Mbangalas como Governador da Província Lunda, Quinguri já tinha falecido.

   H. de Carvalho – Estátua nossa conhecida…


Vitor OliveiraOPCART

quarta-feira, 19 de julho de 2017



FALECEU O MANUEL PAIVA


É com pesar que participamos mais um falecimento de um camarada nosso. Desta vez foi o MANUEL AUGUSTO MOREIRA PAIVA, Soldado Sapador, com o nrº. mecanográfico 09170069. Vivia na freguesia de Pedroso, concelho de Vila Nova de Gaia e foi vítima de uma doença incurável. O Paiva esteve presente em muitos dos nossos convívio anuais. De si podemos dizer que era uma pessoa simpática e cordial.  O seu funeral realizou-se ontem Terça-Feira, dia 18 de Julho, sendo o seu corpo depositado no cemitério local.
Aos seus familiares e amigos, apresentamos as nossas condolências.
Paz à sua alma



sexta-feira, 14 de julho de 2017



TROPAS METROPOLITANAS NOS TEATROS DE GUERRA AFRICANOS

Com o 25 de Abril de 1974 a guerra que o nosso País travou nas suas Províncias Ultramarinas começou a dar sinais do seu fim. Para a memória, de todo nós, podemos, ver pelo quadro a seguir apresentado, o número de efetivos que estiveram envolvidos nas diversas frentes. Embora se afirme, à boca cheia, que tínhamos a guerra ganha, verifica-se, pelos números apresentados, que praticamente no final da guerra, ano de 1973, era quando mais militares se encontravam na guerra em causa.




Fonte: Estado-Maior do Exército, 1988 I; 261.



segunda-feira, 19 de junho de 2017


CONVÍVIO ANUAL 2017

Conforme o combinado o encontro-convívio da nossa Companhia realizou-se, este ano, no Restaurante Irene, em Parceiros, Leiria e a organização esteve a cargo do nosso camarada e amigo Domingues. Marcaram presença 84 convivas, entre ex-combatentes e seus familiares.
O encontro de todos nós foi junto à igreja local, onde estava prevista uma missa que não se realizou, pelo facto de o Padre que a iria realizar esteve, à última hora, ocupado com um serviço mais importante. Assim,seguiu-se para o restaurante. 

Antes da refeição, com todos já à mesa, o Raul interveio, fazendo uma alocução sobre o ato que se estava a realizar, bem demonstrativo dos laços de amizade que criamos numa situação  difícil para todos nós. Fez referência a dois presentes, que pela primeira vez compareceram: o Lopes, das Transmissões, que está emigrado em França e do Jorge Felizardo, que embora não pertencendo à Companhia esteve adido à mesma, onde prestou serviço na área das Transmissões. Presentemente encontra-se emigrado no Canadá e aproveitou conjugar as suas ferias no nosso País com a data do nosso convívio. O Jorge sente o nosso Batalhão como fosse   seu. Os seus contactos connosco têm sido muitos, principalmente através deste Blog. Fez, também, referência ao Batista, presente, embora a residir na Alemanha, que  aproveitou esta data para se encontrar connosco e tratar de outros assunto particulares.
A sua palavras seguintes foram para os tristes acontecimentos que aconteceram durante este ano: os falecimentos do Armindo, do Pimentel, do Luís e do Marques. Em honra deles e de todos os outros, entretanto já falecidos, cumpriu-se um minuto de silêncio.

Passou-se ao repasto e partir desse momento as conversas foram postas em dia, principalmente com o parceiro do lado. No final aconteceu a animação habitual; acordeões, concertinas, gaita de foles e bombo, fizeram música suficiente para alguns darem o seu passo de dança.

De seguida, como vem sendo habitual, passou-se ao corte do bolo alusivo à confraternização que foi acompanhado com espumante.

Em suma, foi um encontro bastante agradável, que mais uma vez serviu para manter o elo de amizade e de companheirismo, quiçá até reforça-los, entre todos os elementos, presentes, da Companhia a que pertencemos.

Ficou decidido que o próximo Almoço-Convívio será na cidade de Castelo Branco e o seu organizador será o Joaquim Antunes das Transmissões

Não deixo de referir que no mesmo restaurante estava, em comemoração idêntica à nossa, elementos da CCS do Batalhão de Artilharia 436, que prestou serviço, também
em Angola, instalada na localidade de Cuimba, passando depois pela zona dos Zombos e mais tarde, tal como nós, em Henrique de Carvalho. Houve cumprimentos e troca de palavras entre  seus elementos e dos nossos.

Não deixarei de registar que enquanto todos nós desfrutávamos de momentos de prazer e de alegria, o nosso País, àquela hora, passava por momentos de horror, dos mais negros que há memória. Com certeza que se fossemos sabedores de tal catástrofe teríamos parado, para nos juntarmos ao sofrimento que estavam a passar muitos dos nossos compatriotas. A eles e a todos os seus familiares juntamos a nossa dor e o nosso profundo respeito. Tal como eles, como o nosso País, nós também estamos de luto.
Passamos a seguir fotos do convívio:

Cunha
Raul e Pinto



Lopes e Barradas

Antunes (Reconhecimento)

Lopes

Barata e Lopes

Antunes (Transmissões)

OIliveira e Esposa

Jesus

Zé Fernandes (Transp.) - Bessa e Zé Henriques

Arez e Raulino

Antunes (Rec) e Cunha

Farinha - Antunes (Transm.) e Esposa

Raul discursando e Monteiro dormindo

Carvalho e Jerónimo

Oliveira

Afonso (Comb. Lubrif.)-Pinto-Batista-Arez e Raulino

Lopes, Zé Henriques, Raulino e Peneda

Raulino - Peneda - Barradas e Arez
Raulino e Arez



Barradas - Antunes (Transm.) e Barata

Uma das mesas

Cap. Fernandes e Carvalho

Avelino Pereira (Carpinteiro) e Acompanhantes

Domingos (Mec. Armamento)

Guerreiro (Auxiliar Cozinha)

Oliveira (Será?)

Pinto - Lopes - Zé Henriques e Zé Fernando

Arez - Pinto e Ana Barata

Corte do Bolo

Oliveira (O autêntico)

Gomes

Afonso (Condutor) e Esposa

Bessa e Amaral

Barata - Lopes - Zé Henrique - Raulino e Zé Fernandes

Jerónimo


 
Catalino - Barroso e Domingues