sábado, 18 de junho de 2016



O REGRESSO


Eis-nos no dia 18 de junho de 1972. Faz hoje, precisamente 44 anos que regressamos após termos cumprido a missão que nos destinaram, mesmo a contra-gosto nosso.

O dia começou bem cedo, foi a última noite que dormimos, ou não, em terras africanas. Havia que preparar tudo para a viagem que nos esperava. Tínhamos que estar em forma, o desafio que se seguia a isso obrigava. A ansiedade era muita e o facto de ser para muitos o seu batismo de voo obrigava a que a parte psicológica estivesse a funcionar sem sobressaltos. Isto de andar pelo ar mete sempre um pouco de respeito.  De navio, de berliet, de unimog, de jeep e outros meios de transporte todos já tinham andado, mas de avião não.....Mesmo assim os nossos semblantes irradiavam confiança, bem ao contrário daqueles que tínhamos quando partimos de Lisboa, aí ele era carregado, demonstrava tristeza.

À hora conveniente, transportaram-nos do Campo Militar do Grafanil para a Base Aérea nr. 9, para fazermos a viagem num voo dos Transportes Aéreos Militares. Depois de cumpridas algumas formalidades subimos e entramos no aparelho. Quando o comandante do avião nos mandou apertar os cintos, para a descolagem, todos sentimos um nervoso miudinho, mas que foi logo quebrado por um sorriso de alegria e satisfação: enfim íamos deixar para trás a terra  onde nos sentimos muitas vezes amargurados.

A viagem correu sem incidentes. Uns aproveitaram para conversar com o parceiro do lado, quem sabe para falar do futuro, outros leram e muitos deixaram-se adormecer. Certo é que todos estavam atentos e ansiosos pela aterragem.

As horas foram passando, cerca de oito, e quando ouvimos, novamente, a voz do comandante do avião, a informar-nos que estávamos a sobrevoar Lisboa foi um delírio. Todos espreitaram pelas janelas; e lá estava ela majestosa e bonita com os braços abertos para nos receber. Houve uma explosão espontânea de alegria com palmas pelo meio. O nosso regresso a casa cada vez estava mais próximo.

Aterramos no Aeroporto Militar de Figo Maduro. Desembarcamos. Por lá já se encontravam muitos dos nossos familiares e amigos. Trocaram-se algumas palavras de circunstância. A alegria era imensa, lágrimas correram pelas faces de muita gente, mas também houve sorrisos. Era um ambiente totalmente oposto àquele que se viveu na partida.

Seguidamente transportaram-nos para o Regimento de Artilharia Ligeira nr. 1 (hoje RALIS) para fazermos o espólio do fardamento que ainda tínhamos. Tudo foi rápido. Finalmente podíamos vestir roupa da cor que mais gostássemos; Verde tão cedo não!!!!!!! Fizeram-se as despedidas, trocaram-se abraços e no meio de tanta alegria, também, se sentiu tristeza: íamos-nos separar daqueles que durante algum tempo foram os nossos companheiros e muitas vezes serviram-nos de apoio.

Cá fora os nosso familiares esperavam-nos ansiosamente e quando nos aproximamos aconteceu
o inevitável: abraços, beijos, mimos palavras bonitas e de encorajamento. Para eles éramos merecedores de tudo. E nós, que já tão diferentes estávamos!!!! tínhamos crescido com o tempo, ali sentimos-nos uns meninos............Assim, dentro deste espírito preparamos a viagem de regresso às nossas terras, às nossas casa, aos nossos locais preferidos e ao seio das nossas verdadeiras famílias e amigos.


Regimento de Artilharia Ligeira nr. 1 (Hoje Ralis)

sexta-feira, 17 de junho de 2016


ALMOÇO CONVÍVIO 2016

Em pleno Alto Minho, em Viana do Castelo, "Cidade que: Quem Gosta Vem. Quem Ama fica", conforme o combinado no almoço de 2015, realizou-se o 26º Almoço-Convívio  da CCS do nosso Batalhão. O evento foi organizado pelo nosso camarada Sérgio Xavier, e teve de sua parte grande dedicação e entusiasmo.

A concentração aconteceu junto à igreja da Senhora da Agonia e por volta das 10H00 começou a chegar o pessoal. Após os cumprimentos da praxe, como sempre, começou-se a pôr as conversas em dia, ou mesmo  recuando-se uns anos e falar-se dos tempos que passamos juntos.

Estiveram presente 94 convivas, sendo 40 militares e os restantes seus familiares e convidados. Como sempre notou-se a falta de alguém, uns que, por motivos vários, comunicaram que não podiam estar presentes e outros por situações menos agradáveis, e que tinham confirmado a sua presença, casos: do Armindo e do Zé Henriques. Só nos resta desejar a ambos uma rápida recuperação. No entanto, tivemos pela primeira vez em convívios o Costa, do SPM.

Seguidamente, dirigimos-nos para a igreja de S. Domingos onde foi celebrada missa comemorativa pelo Padre Castro, auxiliado pelo nosso camarada Raul, que com as suas sábias palavras fez ver a todos os presentes  o quanto representa o perdão para quem o pratica. 

Após o final da missa rumamos para a Quinta da Presa, onde foi servido o almoço. Antes do mesmo guardou-se um minuto de silêncio, ao toque de clarim, como homenagem a todos aqueles que já partiram. Comeu-se, bebeu-se, conversou-se e toda a gente se divertiu, num autentico ambiente que se pode considerar familiar. Para que a animação ainda fosse maior, fomos surpreendidos por elementos do Rancho Folclórico da Meadela, que com o seu repertório, autenticamente minhoto, conseguiram galvanizar todos os presentes. E foi vê-los a dançar "Viras" e outras "modinhas" próprias para estas situações.

Passou-se ao tradicional corte do Bolo comemorativo e brindou-se com espumante. 

Para finalizar a todos foi entregue um saco com várias lembranças, destacando-se, entre elas, um azulejo comemorativo deste encontro. 

Ficou resolvido que o próximo convívio, em 2017, será na cidade de Leiria e o seu organizador será o Domingues.

Enfim, serviu este convívio, como todos os anteriores, para alimentar  a amizade que existiu entre todos nós nos tempos difíceis que passamos juntos, tornando-a, assim, cada vez mais forte.

Para recordação apresenta-se a seguir fotos do encontro.




















































sábado, 4 de junho de 2016


UNIMOG

Este tipo de veículo é bem conhecido de todos aqueles que prestaram serviço militar, principalmente os que estiveram em comissão no antigo Ultramar Português.

O Unimog, foi um projeto da Daimler-Benz, surgiu na Alemanha como um veículo agrícola, já depois da Segunda Grande Guerra e só era vendido internamente. Só passados uns anos, após o levantamento da interdição imposta pelos países Aliados no pós-guerra, é que começou a ser comercializado fora daquele país.
Unimog 

Pelas suas características e facilidade de circulação em todos os terrenos começou a ser utilizado pelos exércitos de muitos países. Em Portugal, na guerra do Ultramar, desempenhou funções importantes.  

Há dois tipos, os modelos 411 e o 404 este maior que o primeiro, mas ambos eram autênticos "burros de carga". Serviam para todo o tipo de serviços: transportar comida, correio, feridos e até transporte de tropas. Em Portugal havia uma versão específica que se chamou UNIMOG 411.115, sem quaisquer luxos, bastante rústico, incluindo em alguns casos um guincho mecânico frontal. Quando transportava militares a sua lotação na carga era de dez homens, cinco de cada lado, costas com costas, o  que permitia a detecção de movimentos nas proximidades. Quando surgia algum perigo, os tripulantes não tinham qualquer protecção e tinham de saltar o mais rápido possível para o chão.

Por todas as suas características foi batizado como "Burro do Mato", sendo a viatura ideal para circular nas picadas cheias de buracos e em terrenos atolados de lama, pois a sua tração às quatro rodas resolvia todos os problemas. Em muitos casos era utilizado para rebocar outros veículos.


Fonte: (Blogtt Clube Douroxtreme)