UM DIA DE SERVIÇO / E.P.I. - MAFRA
Prestei serviço militar
na Escola Prática de Infantaria no período de 30 de Novembro de
1969 a 25 de Fevereiro de 1970. Deixei esta unidade pelo motivo de
ter sido mobilizado, sendo transferido para R.I. 2 – Abrantes, onde
me juntei ao restante pessoal da nossa Companhia para se formar o
Batalhão.
Naquela unidade nunca
desempenhei serviço relativo à minha especialidade, suponho que nem
existia centro de mensagens. Por tal motivo desempenhava funções
indiferenciadas, ou seja, como se dizia andava à linha. Isto até
passar a ter uma ocupação certa, e a partir daí considerava-me um privilegiado, para isso funcionou a chamada“cunha”.
Um dos serviços que um
dia me foi destinado não foi pêra doce. Foram formadas várias
equipas incumbidas de ir aos telhados do convento carregar lixo
proveniente de umas obras que lá tinham realizado. Tínhamos de
subir cerca de cento e cinquenta degraus, que estavam sempre húmidos
e por tal escorregadios, andar em cima dos telhados cerca de
cinquenta metros, carregar uma padiola, que era bastante pesada,
fazer o percurso ao contrário e no final atravessar a parada e ir
depositar esse lixo em determinado local. Para não fazermos
muitas viagens resolvemos, erradamente, carregar o máximo que a dita
padiola levava. Logo nos arrependemos.
Seguidamente fomos
novamente ao local, para fazermos novo carregamento. Mas aqui a
sorte, para mim, mudou. Todos os outros elementos foram chamados à
sua Companhia pois tinham sido mobilizados. Sozinho não podia
continuar a fazer o serviço. Ainda bem.......
Depois do almoço,
deram-me outro serviço. Passei a ser ajudante de um civil que
andava a realizar uma obra no quartel. Pessoa bastante simpática e a
sua vontade de trabalhar não me pareceu ser muita. Isto passou-se
numa Segunda-Feira, tinha vindo passar o fim de semana a casa e pouco
tinha dormido, além da viagem de regresso feito nessa noite. Em
conversa dei-lhe a entender que estava um pouco cansado. Ele percebeu
a ideia. O serviço a fazer não sei qual era, pois não chegamos ao
mesmo. Lembro-me que entramos num ginásio, ele fechou a porta e deitamos-nos nos colchões que lá se encontravam. Conversamos,
conversamos e adormecemos. Problema, quando acordamos ficamos em
pânico, já passava da hora do jantar e eu não apareci. Ele, que
era duma localidade das redondezas, já não tinha transporte para
casa. Entretanto, foi comigo junto do refeitório, e perante o
oficial em serviço, justificou com a sua palavra a minha falta,
alegando que estivemos a acabar um serviço que tinha de ser acabado.
Tudo ficou sanado. Como foi para casa nunca cheguei a saber, pois
nunca mais o vi.
Assim se passou mais um
dia, dos muitos, da minha vida de militar.
Carlos Amaral
1 comentário:
E eu passei lá 6 meses. Recruta + Especialidade.
A recruta foi "bué" difícil... Muito exigente.
Estive anos sem passar por Mafra. As saudades daquele Convento não eram nenhumas.
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