UM PRETO DE CABELEIRA LOIRA E UM BRANCO
DE CARAPINHA NÃO É NATURAL....
De certeza que todos se
lembram da publicidade, que há muitos anos, passava na televisão
portuguesa recomendando o uso do restaurador para o cabelo marca
OLEX, com a frase em título.
Sirvo-me desse anúncio
para contar uma peripécia, que aconteceu aquando da nossa presença em
Henrique de Carvalho e em que fui um dos protagonistas.
Mas antes, de contar os
factos, quero esclarecer que tanto eu, como o outro figurante nada
tínhamos, nem temos, contra as pessoas de cor. Aqui nada houve de
racismo ou xenofobia E, demonstrativo disso é que nos nossos
amigos havia pessoas de todas as cores e que convivíamos com elas
da melhor forma.
Assim: estávamos quase a
acabar a comissão e depois de uma noite de copos, bem passada, já
de manhã, sem saber como, ainda hoje estou por saber, entramos numa
porta ao lado do Café-Restaurante Lux. Fomos dar a uma dependência
onde se encontrava um funcionário, do mesmo, a confecionar bolos:
bolas de Berlim. Ao aperceber-se da nossa presença, como lhe
competia, e bem, impôs-se, e mandou-nos sair. Palavra puxa palavra e
a situação começou a complicar-se. Eu até compreendi e estava
disposto a abandonar o local, mas o outro interveniente, um pouco
mais eufórico, entrou, com um certo sentido de humor, na discussão
e no meio dela proferiu a seguinte frase: queres ver que vou
transformar um preto em branco!!!!!! Então eu reparo que ele estava
a olhar para uma caixa que continha farinha para a confeção das
ditas bolas de Berlim. Aqui eu vem tentei demovê-lo, mas não
consegui, e vai daí, num ápice, ele despeja a farinha na cabeça do
funcionário. Resultado: aparentemente, ele ficou branco.
Depois do acontecido,
houve uma reação, natural, do ofendido, que investiu sobre o
ofensor. Só nos restou desaparecer rapidamente do local, evitando
assim outras consequências.
Seguidamente, como era
Domingo, vestimos-nos à civil e ao fim do dia passamos pelo
restaurante, e em conversa com o seu proprietário, o saudoso Snr.
Castro, ele contou-nos o que tinha acontecido, lamentando-se não ter
podido servir aos clientes a guloseima. Nós, claro, também, lamentamos, e fomos ouvindo da sua boca que se soubesse quem tinham
sido os causadores do prejuízo que lhes não perdoava. Nós
concordamos...........
Sobre o outro elemento, "o
chamado bandido da ocorrência", não o identifico nem lhe aponto
o dedo, mas dadas as circunstâncias, não será muito difícil
chegar até ele. Eu, eu tudo fiz para que nada de mal ocorresse; só
tive o azar de estar em hora errada no sítio errado e com a pessoa errada. Mas a verdade é que estávamos quase sempre juntos.
Face à
pseudo-transformação da vítima, lamento, pois, sou de opinião,
como também se dizia no anúncio: O QUE É NATURAL É CADA UM SER
COMO É.
Enfim, mais um momento
dos muitos que passamos, e que, ainda hoje, com alguma nostalgia,
nos fazem lembrar a irrequietude dos nossos vinte anos.
Carlos Amaral