sexta-feira, 21 de maio de 2021

 COLÉGIO - LICEU DE HENRIQUE DE CARVALHO

O nosso camarada, da Companhia 206/70, António Ascenção, enviou-nos a foto que apresentamos a seguir, do seu álbum e recolhida aquando da sua passagem por esta cidade.

O referido Colégio-Liceu, tem para mim algum significado. Nos finais do ano de 1970 comecei a  frequentar o mesmo, como aluno externo. Apresentei o pedido, para o efeito, ao Diretor do estabelecimento que o deferiu favoravelmente. O mesmo aconteceu em relação ao nosso Comandante, que o permitiu desde que não interferisse com as funções que desempenhava. Assim, frequentava duas disciplinas. Recordo-me que fui muito bem recebido pela comunidade escolar e os meus "coleguinhas" tudo fizeram para que eu me sentisse bem integrado, ao ponto de me emprestarem todos os seus apontamentos, para que eu recuperasse facilmente a matéria já dada.  A turma era mista.

Quem também se propôs foi o Alcobia, radiotelegrafista, mas desistiu passado algum tempo. Eu por lá continuei com o objetivo de no final do ano letivo me propor a exames. Tal não veio a acontecer, pois a escola não estava autorizada a fazê-los, muito embora o seu Diretor tenha pedido pareceres e autorização superiormente, mas tal nunca chegou, gorando-se, assim, a hipótese de eu mostrar os conhecimentos que adquiri durante a minha frequência.  Mesmo assim valeu a pena, algo de positivo ganhei: conhecimentos didáticos e amizades 

Ainda sobre este Colégio-Liceu, passa a seguir o texto que recolhi no "site" P:I:P - Património de Influência Portuguesas:

Saurimo [Henrique de Carvalho], Lunda Sul, Angola

Equipamentos e infraestruturas

Da autoria dos arquitetos Antonieta Jacinto e Francisco da Silva Dias, de 1958‐1959, sob encomenda da Comissão Provincial de Saurimo, foi projetado para poder acolher os filhos de funcionários do distrito, nomeadamente os da Diamang, evitando‐se que os alunos fossem para Malange ou Luanda frequentar o ensino religioso. Do programa fazia parte um internato, que não chegou a ser construído, mas entendido como necessário à época da encomenda. No contexto da cidade, este edifício veio superar a falta de ensino liceal, uma vez que apenas havia ensino primário. A forma como os espaços se articulam e é feita a relação interior/exterior atribui‐lhe uma vivência também ela fluida, descomprometida e generosa. Composto por dois pisos, o acesso às salas de aula faz‐se pelas galerias, protegidas por grelhas de proteção solar, ventiladas. As escadas de acesso ao piso 1 fazem parte do átrio de entrada, aberto lateralmente, o que permite fluidez do espaço, ventilação e iluminação natural. Este exemplo é um caso de evidente adaptação às particularidades do sítio, valorizando a ventilação natural, a proteção solar e a interligação dos espaços interiores abertos, bem como a leveza das formas e dos materiais, a matéria compositiva de que resulta um edifício moderno.




sábado, 8 de maio de 2021

 AMIZADES EM PASSEIO

Na foto que apresentamos podemos ver três camaradas nossos, em passeio pelas ruas de Henrique de Carvalho, trajando à civil, coisa que não era muito vulgar, pois era preciso uma licença para o efeito. À esquerda temos o Alberto Fernandes, conhecido por "POP", e os dois à direita o Armindo e o Costa, ambos desempenhavam funções no SPM e entretanto já falecidos. O segundo a contar da esquerda era um amigo, da Força Aérea, residente atualmente na cidade de Espinho.



sexta-feira, 7 de maio de 2021

DESEMBARQUE EM LUANDA

Faz hoje, precisamente, 51 anos que desembarcamos em Luanda. Depois de dez dias de viagem, a bordo de um navio que não reunia quaisquer condições para transportar tantas pessoas, pois a maior parte delas viajou em condições sub-humanas, chegamos ao fim da nossa aventura marítima. Pela manhã começamos a ver terra, coisas que durante dez dias não víamos, e a nossa ansiedade começou a aumentar: o que estava à nossa espera?, com a resiliência  a que nos obrigavam a ter fomos contendo todas as emoções, naturais,  que íamos sentindo.

Pelas minhas lembranças, desembarcamos por volta da 22,30 e meteram-nos dentro de vagões de caminho de ferro, que para transporte de animais seriam maus, Não sei, pelo momento de fragilidade .que atravessávamos,  mas pareceu-me que andamos cerca de 10 quilómetros. Partimos antes da meia-noite e chegamos ao Grafanil, campo militar onde iriamos ficar até seguirmos para o  nosso destino, por volta de meia noite do dia seguinte.

Depois de chegarmos, à porta de armas do referido campo militar, andamos cerca de 1km, até ao local que nos estava destinado. Deram-nos um pano de tenda e um cobertor e mandaram-nos para um local     que só tinha cobertura e aí instalamo-nos para passarmos a noite, eram umas 3 horas da manhã. Dormir, acho que ninguém conseguiu, até porque às seis da manhã tivemos de nos levantar para o pequeno almoço, pois às 7,10  tínhamos que formar para o desfile de apresentação ao Chefe Supremo das Forças Armadas de Angola. O que se passou nesse desfile, lamentável, não cabe aqui neste comentário.

Assim foi a nossa chegada a Angola. Uma coisa tínhamos a certeza era a de que a primeira etapa da nossa aventura tinha passado. Do mar já nos tínhamos "safado". Agora a vida iria ser outra,   


quarta-feira, 5 de maio de 2021

COMPANHIA DE CAÇADORES 206/70

Esta Companhia na sua passagem por Henrique de Carvalho esteve agregada a dois Batalhões, ao nosso e ao Batalhão de Caçadores 2843, que fomos render. 

Alguns dos seus elementos, nos momentos que tinham de não operacionalidade, ocupavam-no em várias atividades, tendo criado uma revista onde eram publicados assuntos de interesse geral e algumas curiosidades. 

A foto que mostramos, a seguir, é referente ao Capítulo Terceiro dessa mesma revista, onde se pode ver, entre outros assuntos, que nas operações efetuadas pela Companhia, até esse momento, tinham sido consumidas 13737 Rações de Combate, que tinham sido percorridos a pé 7950 Kilómetros e que tiveram de ser substituídas 125 Pares de Botas.

Se na altura esta era uma forma de passar o tempo, hoje estes documentos têm um valor enorme para nos relembrarem factos e pormenores que faziam parte do dia a dia desta Companhia. 

Fonte: António Ascenção (Furriel Vaguemestre)