quarta-feira, 25 de maio de 2016



A CASA D' IRENE

A Casa D' Irene, como era conhecida, ficava situada num edifício em plena cidade de Henrique Carvalho, onde estavam instalados os sargentos da Companhia de Caçadores 206. Sobre a mesma, embora me lembre bem, não possuo grandes elementos. No entanto, em pesquisas que efectuei, encontrei o texto que, por ser bastante curioso, e nos dar a conhecer o que "diziam" que por lá se passava, achei por bem publica-lo:



A Casa de Irene

 Citação

Originalmente escrito por Cesar Ferreira

Caro incompreendido,

Talvez não saibas que os residentes permanentes e os esporadicos de Henrique de Carvalho era considerados rigidos nos costumes, moralistas e pouco tolerantes, senão vejamos o que a Revista Noticias, numa edição de 1972, na secção assinada por Joaquim Moreira, sob o titulo BAR AMERICANO, diz:

 Citação

Caro César,

Eu saí de Saurimo em início de 1972, depois de quase um ano de lutas heroicas, com os meus G.E., e não contra os meus G.E., e parece que andam por aí uns ex-guerrilheiros que desconheceram tais grupos, mas enfim. Durante esse ano tive o prazer e a honra de conhecer o sargento Venâncio, que tinha saído dos Comandos, por excesso de comissões, e foi-se alistar na OPVDCA, pois sem mata é que ele não sabia viver.

Mas, indo ao caso que reportas, é preciso ter em conta :


-Eu dei recruta ao filho do Charula de Azevedo, dono da dita revista, depois de ter voltado para Nova Lisboa e ter ido terminar os meus dias de heroísmo militar, na E.A.M.A. - exactamente onde tinham começado.


Em Henrique de Carvalho, os Furrieis da C.Caç 206 de 1.970, alugaram uma vivenda à qual deram o nome de "CASA D'IRENE" inspirados pela célebre canção intaliana :.."se canta , se ri, tem gente que vem e tem gente que vai..."


Ora como todo Furriel que se preze, fazer petiscos sempre foi seu forte, mas lavar a louça, arrumar copos, garrafas, limpar cinzeiros, fazer camas, etc, etc, já não jogava muito com as suas aptidões, de maneira que contratavam empregadas para essas tarefas, que, embora recebessem o salário combinado, despediam-se amiúde umas e outras eram despedidas, (por alguns serviços, que ou não gostavam de fazer ou não sabiam fazê-los), e, às vezes, lá conseguiam que algumas delicadas meninas , filhas dos residentes, ajudassem em tais tarefas, o que, nunca se compreendeu, não abonava à sua reputação. - Vá-se lá saber porquê! - Mesquinhices.

Assim a Casa D'Irene, ganhou uma fama, nada condigna quer com o seu gabarito, quer com o gabarito, dos mui dignos Furrieis Milicianos que nela habitavam.


E tantas foram as invejas, e os boatos do que lá se passava, tendo chegado ao incrível ponto de se ter formado uma comissão,composta pelas senhoras virtuosas da terra, que foram falar com o padre (que também era o nosso capelão), rogando que a casa fosse exorcizada, pois andariam por lá almas do outro mundo, tais eram os gemidos que muitas noites pela madrugada, se ouviam, oriundos de tal albergue, e luzes que se acendiam e apagavam repetidamente, e às vezes até gritos de arrepiar - o que só podia ser obra do demo.


Logicamente que, com o padre metido ao barulho, e com algum receio que as beatas do seu rebanho, se lembrassem de ir ver "in locco" o que se lá passava, arriscando-se por isso a ver alguma ovelhina transviada, não descansou enquanto não convenceu o "ASA NEGRA" a encerrar a melhor e mais típica residência de Saurimo, alegando que aquilo se parecia comuma "República Coimbrã" que eram antros de desenvoilvimento de culturas anarquistas e comunistas! 

Comparação completamente desapropriada, até porque:

1º - Nas citadas rebulicas, que se tivesse conhecimento na altura, não tinham empregadas pretas nem mulatas!

2º - Algum dia um ANARQUISTA, considerava um comunista como alguém com quem poderia partilhar algo?


Santa Ingnorância!

Mas enfim... O que lá foi. lá foi ...e lá se foi a casa ... Como tinha bebidas, também lhe chamavam Bar e como se ouvia Bob Dylan, Joan Baez, Carol King, Jose Feliciano, a guitarra electrica do Jimmy, os Crosby Stil Nash and Young, etantos outros, foi um instante que também ganhou a alcunha de Bar Americano.

Isto contei eu ao Charula filho, o que ele contou ao Charula pai, já não é da minha lavra.

Boa Noite.


 Fonte - Blog MAZÚNGUE - (Em honra de todos os naturais de Angola)
               Rubrica - "Histórias de Guerra, tem uma para contar?"



1 comentário:

Unknown disse...

A minha companhia 206/72 do RI 21, substituiu a 2696 do 2911, fui a H.Carvalho ao PAD, trocar material auto, e para não ter que enfrentar o AZA, pernoitei com os costados no lastro de um DODG PAWER que estava arrumado junto á dita casa D" IRENE.