segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

ÁLVARO GIESTA

Esta personagem do campo da letras portuguesas esteve ligado ao nosso Batalhão, conforme o mesmo afirma, fazendo parte da Companhia de Caçadores 205, estacionada no Cacolo. Pelo seu percurso e êxito, nesta área, prestamos-lhe  aqui a nossa homenagem.  


Álvaro Giesta (Foz Côa) pseudónimo de Fernando A. Almeida Reis, viveu em Angola entre duas guerras - a colonial e a civil (61 a 75). Ao serviço do Exército Português, durante 42 meses, prestou serviço como     Furriel Miliciano no RI 21/Nova Lisboa. Esteve na Zona Militar Leste de Janeiro de 71 a Janeiro de 74, na Companhia de Caçadores 205.


Alvaro Giesta: O comboio levou-me para o leste em...


O comboio levou-me para o leste em direção à fronteira com a Zâmbia. Eram nove e quinze da manhã, daquele dia chuvoso de dezembro de 71. Dia 12. Exatamente como imaginava! 
Apenas viajámos de dia. À noite, pernoitámos em Silva Porto. A partir daqui e até ao Luso, à frente da máquina que puxava as carruagens, ia outra a servir de rebenta minas. 
E os meus poemas começaram a nascer… sobre o joelho, onde apoiava o papel, escrevia: 

“Espera-me. 
Até quando não sei dizer-te, 
mas afianço-te 
com fé 
que voltarei! 

Espera-me nas tuas manhãs vazias 
nas minhas tardes longas 
nas nossas noites frias 
e não escondas de mim essa lágrima 
teimosa 
onde está escrito 
“não te vejo nunca mais” 

Não esqueças o que fomos ontem 
se o amanhã não existir 
ou não voltar,

recorda o hoje 
permanentemente 
mesmo que não haja cartas 
que nos possam recordar. 



Nova Lisboa, Angola, 12 de dezembro de 1971 
- para uma comissão de 14 meses no Leste de Angola, C. Caç. 205 (Cacolo), integrada no Batalhão de Caçadores 2911 (Henrique de Carvalho)


Em “Há o Silêncio em Volta” (poética de guerra), edições Vieira da Silva do poeta Alvaro Giesta

1 comentário:

Raúl disse...

Poema incisivo e profundo. Muito bem escrito.
Lembra-me uma filósofa francesa que diz: Há dois dias na vida que nada fazemos. Que são: o ontem e o amanhã. O que quer dizer que o que tiveres a fazer, faz HOJE.
Devíamos pensar assim mesmo. VIVER HOJE