Esta personagem do campo da letras portuguesas esteve ligado ao nosso Batalhão, conforme o mesmo afirma, fazendo parte da Companhia de Caçadores 205, estacionada no Cacolo. Pelo seu percurso e êxito, nesta área, prestamos-lhe aqui a nossa homenagem.
Álvaro Giesta (Foz Côa) pseudónimo de Fernando A. Almeida Reis, viveu em Angola entre duas guerras - a colonial e a civil (61 a 75). Ao serviço do Exército Português, durante 42 meses, prestou serviço como Furriel Miliciano no RI 21/Nova Lisboa. Esteve na Zona Militar Leste de Janeiro de 71 a Janeiro de 74, na Companhia de Caçadores 205.
Alvaro Giesta: O comboio levou-me para o leste em...
O comboio levou-me para o leste em direção à fronteira com a Zâmbia. Eram nove e quinze da manhã, daquele dia chuvoso de dezembro de 71. Dia 12. Exatamente como imaginava!
Apenas viajámos de dia. À noite, pernoitámos em Silva Porto. A partir daqui e até ao Luso, à frente da máquina que puxava as carruagens, ia outra a servir de rebenta minas.
E os meus poemas começaram a nascer… sobre o joelho, onde apoiava o papel, escrevia:
“Espera-me.
Até quando não sei dizer-te,
mas afianço-te
com fé
que voltarei!
Espera-me nas tuas manhãs vazias
nas minhas tardes longas
nas nossas noites frias
e não escondas de mim essa lágrima
teimosa
onde está escrito
“não te vejo nunca mais”
Não esqueças o que fomos ontem
se o amanhã não existir
ou não voltar,
recorda o hoje
permanentemente
mesmo que não haja cartas
que nos possam recordar.
Nova Lisboa, Angola, 12 de dezembro de 1971
- para uma comissão de 14 meses no Leste de Angola, C. Caç. 205 (Cacolo), integrada no Batalhão de Caçadores 2911 (Henrique de Carvalho)
Em “Há o Silêncio em Volta” (poética de guerra), edições Vieira da Silva do poeta Alvaro Giesta
1 comentário:
Poema incisivo e profundo. Muito bem escrito.
Lembra-me uma filósofa francesa que diz: Há dois dias na vida que nada fazemos. Que são: o ontem e o amanhã. O que quer dizer que o que tiveres a fazer, faz HOJE.
Devíamos pensar assim mesmo. VIVER HOJE
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