segunda-feira, 27 de abril de 2020



27 DE ABRIL

Ao contrário do que viria a acontecer no mesmo dia, passados alguns anos, 2006, em que se deu o início da construção da Torre da Liberdade, em Nova York, a nós, em 1970, tiraram-nos a mesma e obrigaram-nos a embarcar para Angola, a bordo do navio Pátria. Mera coincidência, antagónica, de datas.
Passado um ano, em 1971, já com um ano de comissão cumprida, começávamos a fazer contas ao contrário, já não faltavam dois anos para o fim, mas que no dia seguinte o que restava era menos de um.

Nessa data, que era de aniversário, nada houve de especial a festeja-lo. A seguir transcrevo o que relatei sobre o mesmo, em carta que enviei para os meus familiares:

Já passaram 365, um ano, 12 meses, 52 semanas, meia comissão etc.. Portanto, só faltam 365 dias; mais um ano; mais 12 meses; mais 52 semanas; meia comissão etc. Enfim já não falta tudo, a coisa vai passando mais ao menos, sem problema, o que é o principal.
O dia de aniversário do Batalhão não teve festa alguma a comemora-lo, mas o rancho foi melhorado, o que já foi motivo de alegria para todos. A única coisa que teve a diferenciar foi o Comandante ter decretado feriado da parte da tarde. Assim, e com a presença dele, disputaram-se os jogos finais do torneio de que já lhe falei. Sem dúvida que foi um dia diferente de todos, e em todos os rostos se notava uma certa diferença e até vaidade, por completarem um ano. Agora já poderemos fazer parte da chamada “velhice”.

(Carlos Amaral)

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